quarta-feira

Vou fingir que é de noite.
Estás a preparar-te para obedecer a um sonho que se embarca no teu corpo e alma. Desligas a luz e aconchegas-te por entre os lençóis que te acariciam o corpo. Sentes os olhos a despedirem-se da luz de presença que tens em teu redor. Finalmente, eles cerram de vez, e já estás lançado a outro mundo. Nesse mundo és o que queres ser e o que fazes é um espelho da liberdade que te preenche o subconsciente, és amado e admirado da mesma forma que no mundo real e por isso, estás feliz.
Agora entro eu, sem aviso. Tento que os meus passos sussurrem o máximo de silêncio possível, não te quero interromper de nada que possas estar a viver e a conquistar nesse mundo. Junto-me a ti e ao calor da tua cama que te protege do frio que espreita pela janela. Sinto o teu cheiro nos lençóis e espero que se tatue na minha pele. Quero tanto perder o meu corpo no teu, mas não posso, estás longe e não te quero desaprisonar desse sítio com passeios de esperança e céus de concretização. Sinto a tua respiração a cruzar-se com a minha e só tenho vontade de a silenciar com um toque suave de lábios que nos entregue a todos os sentidos.
... Mas vou apenas ficar ali, a olhar-te e a decorar-te quando sei que te conheço melhor que a mim mesma. Vou ficar ali, a admirar-te pela marca de diferença em comparação a um mundo inteiro, ou mais que isso, um universo!


E ali, vou sorrir por saber que mesmo sem tocar consigo te sentir.

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