Outono

Estás por cá, outra vez?

Diz o meu calendário que estás e que agora vais ficar por mais três meses a fazer-nos companhia. Trazes os céus pintados de cinzento e os dias húmidos. O frio aumenta e a quantidade de roupa no meu corpo também. A noite bate á porta mais cedo e o amanhecer nasce mais tarde. As árvores que agora só têm algumas folhas parecem dançar ao vento e o chão das ruas cobrem-se delas, formando espécies de tapetes fofos. Os meus desabafos entre-linhas, o meu baú cheio de histórias, a minha alma transparente como a luz do sol de Outono e o arco-íris em tons outonais voltam. Voltam o que mais me cativa esses tons vermelhos-pétala, os laranjas-fogo, os amarelos-sois e os castanhos-chocolate, a ventania que nos deixa os cabelos num desalinho. Mas, o que eu trago realmente é a minha primavera no pensamento. Desejo ver o tal encanto da natureza cravada nesta estação, desse perfume encantador, dos sorrisos rasgados e das promessas que se fazem em silêncio, dos céus estrelados, das tardes de céu azul em que a luz do sol ganha um brilho mais mágico. Até lá, fico um nadinha mais nostálgica a tentar continuar perceber esse encanto do Outono, na verdade, pode ser que o descubra por aí vagueado em qualquer surpresa escondida do mundo e que o possa desvendar resplandecente quando chegar a altura, como sempre foi, afinal. 
... Isto é, o ciclo da vida continua infindo, como esses meus sentimentos.