quinta-feira

Viagem das nossas Vidas


Pincelo utopias, trago na palma da mão um bilhete de regresso ao meu passado e uma mala de doces recordações. Entro no comboio vindo do outro lado da vida, fecho os olhos e viajo através dos tempos. Percorro a turbulência da minha maturidade e a imaturidade dos outros. Dou conta que em quem tropecei no passado, hoje, agarra-me a mão. Agarra-me a mão e lê-me a sina, dita-me o destino (leva-me para o futuro – faz comigo uma outra viagem), destino esse que não bate certo com o que havia sido traçado neste passado para o qual divago, porque a pessoa que hoje mo lê, antes, deixou-o escapar. E eu fico apenas parada a admirar esse alguém que decifra as linhas marcadas na palma da mão que lhe estendo. Neste comboio vou ao encontro dos momentos em que fui eu e dos que me fizeram ser quem sou. Relembro o que me amedrontou e o que me fez vencer o medo... Entro no comboio vindo do lado de cá da vida, espreito pela vidraça que separa o hoje do ontem e espero pela chegada ao meu destino. Enquanto embalo nesta jornada de regresso ao presente, declaro ao meu passado que fui feliz nesta viagem, porque foi: a minha viagem! Chego à estação. A porta abre-se e ele está à minha espera. Saiu do comboio a correr, voo para os seus braços, e poiso os meus lábios nos dele. Acho que saímos de uma carruagem diferente mas parecida, no momento certo. Estou completa. Por fim, apanhamos um táxi até ao aeroporto, seguimos até à bilheteira e compramos uma passagem, em conjunto, pois agora tenho-o e não preciso de embarcar em passados, só em futuros próximos ao seu lado. Desta vez, para o nosso destino - o Céu.