Tenho o quarto coberto de folhas tão brancas que tiram o lugar aos lençóis até pelo chão, cobrindo-o de branco, umas tantas cartas de amor por enviar e outros tantos desabafos sem olhar. As páginas do diário encheram-se. Esgotaram-se. Tudo isto posto, casei-me com a exaustão, com os lápis, as canetas, as folhas soltas, os livros e a bagunça. Juntos tentam formar uma borracha aos pensamentos, uma barreira às acções e um travão ao coração. Adormeci em cima deste leito de folhas. Bem precisei de uma breve pausa mas foi neste tempo que a inspiração mais me escorria pelos dedos e ganhava forma nas folhas... Até que, delas fiz aviões de papel para me levar de uma vez por todas do capítulo em que estava e fazer-me levar a um novo, a viagem era fácil mas construir um avião é tarefa difícil. Depois das dúvidas, das novos caminhos doces descobertos ganhei coragem e voltei a escrever como se uma folha de papel vegetal em cima do coração, eis a voz muda em pensamento eterno que me leva a uma explosão de palavras inconstantes e incoerentes e me afogam os buracos que a sociedade cria. Hoje vivo uma nova inspiração. Consegui. Voltei. Que saudades senti.
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