segunda-feira



Vem. Aperta-me o corpo, sem me causares mais dor. Deixa que o chão marque as tuas pegadas, que as paredes guardem as tuas palavras e ecoam o som dos risos, das palavras, dos sonhos, novamente. Agarra a minha almofada, recheada de lágrimas mas que ainda permanece o teu cheiro nela como se a tua presença fosse tão certa quanto a vontade que tenho de que ela seja um dia real, não deixes que ele se desvaneça e marca de novo tudo nela, onde me deito todas as noites. Vem. Aqui as feridas escapam, as lágrimas secam e nunca secam um amor e os sorrisos desvendam-se. Vem. Podes sentar-te aqui, a meu lado. Podes sobrepor a tua mão á minha ou agarra-la, seguir o tracejado que vou criar, serão as tuas asas, o teu porto-seguro tal como o meu, onde te irão mostrar os esconderijos do céu para onde poderás fugir e encontrar abrigo. Vem. Deixa-me cair nos teus braços, sabemos tão bem que parecemos duas peças de um puzzle, que encaixámos na perfeição.
O que vem dentro de ti? Não te feches nesse mundo sozinho e não guardes o sentimento todo para ti, vem dividi-lo comigo. Vem e apaga esta dor que me consome cada vez mais. Não te enganes mais. Eu sei que como eu, tu também não estás bem... assim tão cabisbaixo, tão fingidor. Eu conheço-te e sinto-te dentro de mim, não deixes ser essa máscara falar por ti! Imagino a tua revolta, as incertezas que te amedrontam por te sentires tão perdido no mundo. Vem para te poder dar o teu rumo.
Vem. Vamos vencer qualquer coisa... lutar e vencer sempre soubemos fazer isso. Vem. Dá-me a tua mão, agarra-me como tua e eu ensino-te a voar. Vem, sussurra-me que chega, que me abrigas e que tudo foi mero contratempo. Faz do meu mundo um arco-íris, mergulha-me nele e vive comigo. O desprezo frio a que me vais habituando não desvanece a tua imagem, vem curar a cicatriz que se fez no meu coração, na minha alma.


Mas agora, vem... Fica comigo.

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