domingo


Já perdi a conta ao tempo que passou, às oportunidades que te dei e que dissipaste. Perdi a conta aos dias em que precisei de fechar os olhos para te ver, aos dias em que necessitei de te abraçar em pensamento para sentir cada declive do teu corpo e até aos dias em precisei de adormecer para acalmar a dor da tua ausência ou calar este sufoco. Perdi também a conta aos dias em que as lágrimas se cobriram o meu rosto e a minha almofada se encheu delas... hoje, traça-se mais um dia, menos tempo para viver os sonhos que se amontoam e mais um dia para a minha perdida conta da tua fria ausência. E depois, perdi-me nos meus próprios sentimentos vazios e fechados, ofegantes de perdas. Não compreendo este meu coração que não se cansa de tanto por pouco que vive balançando entre nada e pouco, entre nada e tanto, e a mágoa que o sufoca e o alaga de medo é a mesma, sempre foi. Rasga sem pudores meu corpo fraco, frágil. Como ele, também não compreendo essa tua nova maneira de gostar, de me querer e não saber agarrar de te entulhar de sentimentos e de preferires viver num mundo que não te levará tocar o céu ou
fazer-te sentir o que um dia sentis-te... e no fundo, tu sabe-lo. E preferes ao mesmo tempo usar essa máscara que insistes em vestir para esconder os teus medos, as tuas fraquezas. No fundo eu sei, porque sinto que sentes mais do que mostras.



Na verdade ainda não leio em teus gestos as palavras que guardas, nem porque as emudeces.
Sinto-as, mesmo não as lendo, quando tocas meu corpo, quando tocas minh’alma.

1 comentário:

dii disse...

dois corações, uma vida.